Percurso e experiência escolar de adolescentes autores de ato infracional

Abstract

O presente estudo teve como objetivo investigar a experiência escolar de adolescentes envolvidos em atos infracionais, analisando semelhanças e divergências nos relatos sobre suas trajetórias e vivências escolares, bem como identificar possíveis conexões entre essas trajetórias educacionais e a prática de atos infracionais. A pesquisa foi realizada com sete adolescentes, de 12 a 18 anos, em medida socioeducativa, identificando três padrões de trajetória escolar: um iniciado positivamente e deteriorado ao longo do tempo; outro caracterizado por experiências pouco significativas, fragilizadas por adversidades; e um predominantemente negativo desde o início. As relações com professores e colegas mostraram-se cruciais: vínculos positivos fortaleceram o engajamento, enquanto conflitos e práticas punitivas intensificaram a desmotivação e a evasão escolar. A transição para o ensino fundamental II e o aumento das exigências acadêmicas foram pontos críticos para o afastamento dos adolescentes. Os resultados indicam que, apesar das diretrizes inclusivas da legislação brasileira, ainda há distância entre as práticas escolares e esses princípios. A escola, em vez de atuar como fator de proteção, frequentemente reforçou a exclusão, evidenciando a necessidade de intervenções que promovam um ambiente acolhedor e inclusivo, capaz de favorecer a permanência dos adolescentes e reduzir o risco de envolvimento infracional.