Violência doméstica: impactos psicológicos, distorções cognitivas e estratégias de enfrentamento de mulheres vitimadas

Abstract

Vivenciar situações de violência doméstica trazem grandes impactos na vida das vítimas, considerando danos físicos e os grandes impactos psicológicos. Estes danos psicológicos são previstos, mas também estão associados a variáveis psicológicas, sendo este o enfoque da presente pesquisa, que teve por objetivo investigar os principais danos psicológicos nas mulheres vítimas de violência doméstica e a relação destes com as distorções cognitivas e as estratégias de enfrentamento das vítimas. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro Universitário Barão de Mauá. Mediante a esta aprovação, foi dado início à coleta de dados, que foi realizada via remota, através da internet, por meio de investigação científica qualitativa. Participaram da pesquisa oito mulheres que já vivenciaram algum tipo de violência doméstica. Os dados foram coletados por meio de entrevista semi estruturada, cujo roteiro foi elaborado pelas pesquisadoras. Foi composto por oito perguntas que investigaram como as mulheres vivenciaram os conflitos domésticos e as estratégias de enfrentamento utilizadas, com duração aproximada de 30 minutos. As entrevistas foram realizadas através de vídeo-chamadas, foram audiogravadas e transcritas na íntegra. A análise de dados foi realizada de acordo com o método de Análise de Conteúdo de Bardin, em que as informações obtidas por meio dos relatos foram tratadas, utilizando-se procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdo. Por meio da análise dos dados obtidos, foi possível observar grandes impactos na autoestima e na autoconfiança das mulheres que vivenciaram a violência, estando muito presentes os sentimentos de incapacidade, inferioridade, insegurança, medo e vergonha, além de ser perceptível que grande parte das vítimas precisou passar por tratamento psicológico ou psiquiátrico. Por meio das informações, é notável que os principais motivos que levam as vítimas a permanecerem no relacionamento foram: o medo, que inclui o medo de ameaças, a dependência financeira e a dependência emocional; e a esperança na mudança do parceiro. Diante disso, foram identificadas distorções cognitivas relacionadas aos sentimentos negativos que as mulheres têm em relação a si mesmas, a falta de credibilidade que elas dão aos seus próprios recursos para lidar com a situação e a potencialização do problema, sendo destacado que estas distorções cognitivas contribuem para que as vítimas permaneçam no relacionamento e no ciclo de violência. Dentre as principais estratégias de enfrentamento identificadas encontram-se o apoio de familiares e amigos, o apoio religioso e o tratamento psicológico e psiquiátrico.