Tecendo versos e batidas: uma análise sociolinguística do funk brasileiro como expressão literária contemporânea

Abstract

Este trabalho discute sobre a relevância do funk enquanto gênero musical e um fenômeno identitário que vem ganhando cada vez mais espaço e visibilidade. À medida em que discussões acerca de sua origem, influência e suas características ganham força, cada vez menos o funk é alvo de estigmas, de preconceitos e de censura por parte de quem passa a reconhecer sua notoriedade. Este trabalho argumenta que a importância do funk não se resume apenas à música como uma forma de entretenimento, mas também a uma forma de resistência tida, muitas vezes, como a única saída para a obtenção de melhores condições de vida longe da pobreza e do crime que cerca uma população marginalizada e apagada pelo Estado. A ilusão de que não existe cultura no funk baseia-se em uma concepção de cultura importada, que ignora a arte produzida e consumida no e para o Brasil, o mesmo pode ser aplicado ao conceito da arte e do belo. Neste trabalho, são apresentados exemplos de letras de músicas em contraposição com obras literárias, bem como projetos iniciados a partir da vivência do funk como um estilo de vida, acima de músicas e composições. Por fim, uma proposta metodológica é apresentada para exemplificar que o funk pode ser um grande aliado à prática docente, visto que é um dos gêneros musicais que mais está presente no gosto dos alunos, seja do Ensino Fundamental ou do Ensino Médio. A proposta apresentada objetiva integrar o funk e o estudo de literatura em sala de aula, universos que parecem distantes para um olhar desatento. Palavras-chave: funk; ensino de literatura; sociolinguística.